Uma folha em branco e um conjunto de lápis de cera podem fazer maravilhas quando queremos uma criança distraída, mas também encerra imensos mistérios que nos podem ajudar a descobrir se há macaquinhos escondidos naquela misteriosa cabeça.
Por norma, os pais e os professores não estão por dentro do significado dos desenhos, mas os especialistas em pedopsicologia já estão rotinados. As diferenças começam por ser a nível de sexo. As raparigas estão mais viradas para a natureza, a serenidade, com desenhos mais contemplativos e onde a beleza assume um papel importante com itens como o Sol, nuvens e casinhas pelo meio; já os rapazes apostam na ação, na força, nos tons mais escuros e agressivos. Explosões, choques de carros, armas e monstros são um habitué nos seus desenhos.
Outro diferencial importante tem a ver com a idade. Não se pode avaliar um desenho feito por uma criança de 2 anos da mesma forma que um concebido por uma de dez. A ingenuidade do primeiro tem de ser tida em conta face a uma consciência ponderada do segundo. Ainda assim, os psicólogos vão mais longe nesta matéria e defendem a importância de não avaliar o desenho isoladamente: o contexto, a sua personalidade, o seu desenvolvimento cognitivo e ainda o seu historial de desenhos são critérios a ter em conta.
Assim, e a nível dos pais, a atenção deve ser dada a:
• Cores predominantes
• Força ou interrupção do traço
• Isolamento de determinadas figuras (“fechadas” dentro de um quadrado ou de um círculo, por exemplo)
• Ausência de determinadas figuras ou representação das mesmas numa escala muito reduzida
• Agressividade nas figuras
• Cenários de violência contínuos
• Se alguma figura é riscada ou apagada, depois de desenhada
• Desenha figuras sem cabeça ou sem rosto
• Não consegue desenhar-se a si próprio
• Desenha cenários que não são adequados à sua idade
Perante algumas destas situações, a melhor forma de lidar com a situação é o diálogo. Proibir a criança de desenhar algo é um erro tremendo, na medida em que essa é a forma que ela encontrou para se exprimir. Nada melhor do que o diálogo para se perceber o porquê de determinadas situações. O avô não aparece em nenhum dos desenhos de família. A criança consegue explicar isso ou mesmo pela sua expressão pode perceber-se que algo não está bem …
Procurar descobrir a “história” por de trás de cada desenho, eis o conselho mais adequado. Primeiro junto da criança, depois junto dos professores para comparar desenhos e, só depois, a ajuda de um profissional.
É que uma árvore para o comum dos mortais é apenas uma…árvore. Mas num desenho, ela pode ter múltiplos significados. E reflete muito da personalidade de quem a desenha. Quando o tronco é alto e largo, revela que seu filho tem muita força na superação dos problemas. Quando o tronco é pequeno e estreito, revela vulnerabilidade às complicações. Se houver excesso de folhas, a criança tem ocupações talvez em excesso. Se houver poucas folhas e galhos a criança está triste.
Segundo a especialista canadense, Nicole Bédard, a própria posição do desenho é importante: “Todo o desenho na parte superior do papel está relacionado com a cabeça, o intelecto, a imaginação, a curiosidade e o desejo de descobrir coisas novas. Já a parte inferior do papel informa sobre as necessidades físicas e materiais que pode ter a criança. O lado esquerdo indica pensamentos que giram em torno ao passado, enquanto o lado direito, o futuro. Se o desenho se situa no centro do papel, representa o momento atual.
Uma dica final: valorize os desenhos dos seus filhos e pense duas vezes antes de os deitar fora. É que, mesmo mais tarde, podem explicar muita coisa…
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