Nós somos tristes, por  Jorge de 8 anos (In A Criança e a Vida) Na noite de carnaval eu estava muito triste, e via todas as pessoas magoadas. E a cor do céu também estava aborrecida. E os homens das laranjas sem apregoar. E eu não sabia o que tinha sido. Mas quando a minha mãe voltou, disse-me:  “- Os polícias voltaram a bater nos vendedores". E eu disse à minha mãe: “ – Que chatice!” E a minha mãe deu-me um beijo.  E tantas vezes os pais e as mães se preocupam porque a criança não come, porque a educadora diz que ele se isola, porque o filho mais velho desafia os adultos e a filha do meio está a ter maus resultados na escola. O meu filho que se isola no quarto e não fala e o pequenino que faz birras no supermercado e diz que não gosta dos pais... 
É compreensível que cada pai, cada mãe, cada educador se preocupe com os mais novos, com aqueles que vê crescer todos os dias e se sente responsável pelo caminho tomado pelo crescimento dos que viram nascer. É compreensível porque não sabemos como se faz, é compreensível porque não trazemos um livro de instruções, nem nos podemos licenciar em paternalidade. 
Mas é como conta o Jorge, de 8 anos, e quantos Jorges há por aí que naquele momento em que há um sobressalto, uma revolta, uma frustração e uma angústia, sabe tolerar, aceitar e o que recorda é o beijo da mãe, que apazigua, que tranquiliza, que dá força para depois continuarmos a fazer frente “às chatices” da nossa vida, e às vezes tão grandes, as chatices. 
É por isso que antes de tudo, mesmo ainda na barriga ou nos primeiros tempos cá fora, o afeto é a melhor das prevenções e intervenções. Depois vem o resto. 
Hoje, amanhã, agora, um beijo nos seus filhos, bem grande, bem apertado... Sim, mesmo que ele agora refile por estar a apertá-lo nos seus braços... Um dia vai lembrar-se e saber tão bem... 
Texto: Rita Castanheira Alves (Mindkiddo/Oficina de Psiciologia)  Imagens: FreeDigitalPhotos.net

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publicado por salinhadossonhos às 01:35