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Terça-feira, 30 / 07 / 13

7 passos para umas férias descansadas.

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1. VISUALIZE AS FÉRIAS QUE QUER TER

 

Não é nada místico, nem nenhum segredo que prometa a felicidade eterna. É uma estratégia bem simples: «Quanto mais pensarmos naquilo que queremos que aconteça, mais nos organizamos para que isso aconteça», explica Sandra Azevedo, responsável pela Family Coaching, empresa que desenvolve a sua actividade na área do coaching aplicado ao contexto familiar. Assim, o conselho para umas férias mesmo descansadas é: «Feche os olhos, relaxe e imagine-se de férias. Pense naquilo que quer que aconteça, no que quer sentir, no que quer fazer. Como gostaria que fossem esses dias? Onde estaria? Com quem estaria? O que diria? O que ouviria? O que cheiraria?». No fundo, «é parar para pensar». Algo que dificilmente se consegue em período pré-ferias, é verdade, mas que faz falta para nos arrumarmos e seguirmos em frente. «Quando somos capazes de identificar o que queremos, facilmente definimos estratégias e encontramos formas criativas de alcançar isso mesmo», continua, salientando ainda que «é importante definir objectivos realistas e alcançáveis, mesmo que pareçam muito pequeninos». Desta forma, cada objectivo alcançado dará «confiança e motivação para continuarmos a mudar e a sermos a mãe ou o pai que desejamos». Um conselho válido para as férias e para o resto do ano.

 

2. ESCOLHA BEM O LOCAL

Praia ou campo? Brasil ou Algarve? A escolha do local de férias deve ter em conta as preferências e a carteira de cada família, mas não só. A terapeuta familiar Elisabete Ferreira destaca um factor decisivo para alcançar a tranquilidade total nas férias: mobilidade. «Se o local permitir a deslocação autónoma das pessoas, quer para a praia, quer para a piscina ou outros locais de lazer, baixa de certeza o stresse, porque facilita a adequação dos diferentes ritmos e interesses dos vários elementos da família», recomenda a dirigente da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar. O melhor é tentar escolher um local onde o carro seja perfeitamente dispensável, onde se possa ir a pé para todo o lado ou, pelo menos, os transportes públicos sejam acessíveis. Não ter de conduzir, estacionar ou entrar num carro a escaldar é libertador. Libertador é também ter bastante espaço ao ar livre disponível, especialmente para quem tem filhos mais pequenos. Dentro de casa, por muito entretenimento que tenham, é natural que as crianças se aborreçam, que fiquem inquietas, que chorem mais vezes. Fora de portas – num jardim, num parque ou até num quintal – dificilmente uma criança se cansa de descobrir coisas novas. O que ajuda os pais a descansarem, como lembra Elisabete Ferreira: «Quando existem crianças, o espaço para correrem e brincarem em segurança facilita que os pais tenham tempo para si próprios».

 

3. MANTENHA AS ROTINAS DOS BEBÉS

Férias é tempo de esquecer as rotinas. Certo? Depende. «Para famílias com crianças em idade pré-escolar é importante manter as rotinas de alimentação e de sono, bem como os cuidados no horário de exposição solar, para que possam estar tranquilas e bem-dispostas, diminuindo os factores de stresse», afirma Elisabete Ferreira. A psicóloga clínica Madalena Gonçalves Ferreira reforça a ideia: «Muitas vezes, mesmo sem estarem em férias, os pais queixam-se de que os filhos estão muito embirrentos ou numa fase instável, depois reparo que as crianças estão a fazer uma vida igual à dos adultos. Respeitar os ritmos e as rotinas das crianças mais pequenas evita que fiquem exaustas e contribui para que não façam tantas birras». No caso das crianças mais velhas, terá mais vantagens fazer o contrário: «Pode-se ser mais flexível com os mais crescidos. Eles percebem que isso acontece porque estão de férias e sentem-se reconhecidos por terem mais liberdade. É um crescimento que se deve valorizar, responsabilizando-os, chamando-os a ajudar os pais», reflecte a psicóloga, que colabora com o Esca – Espaço para a Saúde da Criança e do Adolescente. «Por vezes, é difícil gerir rotinas e horários tendo filhos de idades diferentes. Mas obrigar os mais velhos a cumprir as rotinas do bebé, pode levá-los a regredir, numa idade em que tal já não é esperado», acrescenta.

 

4. DESVALORIZE AS BIRRAS

«As birras são manifestações da vontade da própria criança que, por volta dos dois ou três anos, se apercebe de que já consegue fazer-se ouvir», explica Madalena Gonçalves Ferreira. Durante o ano, lidar com as birras dos miúdos exige uma paciência infinita, mas sabemos que fazem parte do crescimento e que, por isso, todo o nosso esforço vale a pena. «Podem tornar-se óptimas oportunidades de ajudar a criança a aprender a viver com sentimentos como a frustração e a zanga. As birras são uma manifestação saudável das emoções, sentimentos, vontades e necessidades das crianças. Apenas querem satisfazer a necessidade do momento e muito rapidamente. Mas é importante aprenderem a auto-controlarem-se», explica a psicóloga. Mas será que dá para tirar umas férias das birras? Madalena Gonçalves Ferreira descansa os pais ansiosos: «Acredito que as crianças fazem menos birras nas férias do que no resto do ano. Pode haver alguma excitação e instabilidade pelo ambiente ser diferente e exigir rotinas diferentes. Mas, geralmente, estas “birras” não são para demarcar uma posição ou para afirmar a sua vontade». Daí que não devam ser motivo de grande preocupação. Ainda assim, se surgir uma birra “daquelas”, as regras do resto do ano devem manter-se. Madalena Gonçalves Ferreira enumera-as: «Não ceder, para não passar a mensagem que as birras são perfeitamente aceitáveis para se obter aquilo que se deseja. Manter a calma, pois as crianças tendem a imitar muito facilmente o comportamento dos adultos. Ignorar a birra, para que a criança perceba que não está a surtir efeito. Deixar a criança sozinha (se for em casa ou noutro espaço familiar). Sem audiência, a criança vai acabar por acalmar-se mais rapidamente. Depois da birra, é importante conversar com a criança sobre o que passou – o que estava certo e o que estava errado, por que não pode voltar a acontecer, as consequências de uma futura birra e de um bom comportamento».

 

5. REFORCE AS RELAÇÕES

A falta de tempo serve muitas vezes de desculpa para não estarmos com quem gostamos, para não conhecer melhor os cantos de cada um. Nas férias há tempo e é essencial aproveitá-lo para «reforçar laços e sentimentos de pertença», como sugere Elisabete Ferreira: «É importante o envolvimento afectivo e as diferentes formas de demonstração do afecto, factores que podem reforçar as relações e a intimidade no seio da família. Ter tempo para conversar, partilhar, descobrir». E, neste aspecto, o sítio de férias não é relevante: «Mesmo quando se está em casa, o tempo para brincar em conjunto – redescobrindo brinquedos, tantas vezes esquecidos, jogos nunca jogados ou revendo DVD com os pais – poderá permitir longas conversas e outras leituras». Para quem tem filhos adolescentes, que durante o resto do ano tantas vezes parecem escapar ao alcance dos pais, «as férias são um momento privilegiado para se criarem oportunidades de realizar actividades de interesse comum», diz a especialista, lembrando que é importante também continuar a «estimular a partilha de refeições em conjunto» nas férias.

 

6. NÃO SE ESQUEÇA DE NAMORAR

Muitas vezes, os casais com filhos pequenos vivem absorvidos pelas responsabilidades parentais e esquecem-se do bem que faz namorar. Todas as oportunidades são boas para reacender a chama do amor, mas as férias são um momento especial: «O tempo de férias pode ser único para retomar ou alimentar o namoro, a intimidade, a partilha, a redescoberta de interesses e modos de estar comuns», lembra a terapeuta familiar Elisabete Ferreira, sublinhando o prazer de recuperar as pequenas coisas, como «simplesmente conversar». Com os miúdos à perna não dará para grandes arrebatamentos amorosos, mas o truque é aproveitar os “entretantos” para dar a mão ou trocar um olhar apaixonado. O resto virá por acréscimo. Os benefícios são para toda a família. «Quanto mais o casal, como casal, estiver coeso, próximo, íntimo, mais disponibilidade emocional tem para os filhos.»

 

7. ANTECIPE O REGRESSO

Todos queremos aproveitar ao máximo as férias. Por isso, é grande a tentação de voltar a casa apenas na véspera do regresso ao emprego. De gozar até ao último minuto antes de por o pé num novo ano de trabalho árduo. Mas muito stresse pode ser poupado antecipando um pouco o final das férias. «É importante voltar mais cedo. Ter tempo para preparar o material escolar com calma e permitir às crianças fazerem o reconhecimento do espaço antes de começarem a escola ou a creche. Voltar no domingo e começar a escola na segunda é uma violência, pois alteram-se os horários e corta-se o convívio diário com os pais radicalmente», defende Madalena Gonçalves Ferreira. Ter algum tempo para respirar fundo e para saborear o conforto de estar em casa contribui para um regresso à normalidade mais tranquilo, como afirma Elisabete Ferreira: «O retomar das actividades pós-férias deverá ser gradual. Para certas famílias, pode ser um factor de equilíbrio chegar um dia antes para descansar, retomar os horários rotineiros e os aspectos positivos que o outro lado da vida tem». Também nesta altura é importante parar para pensar. Sandra Azevedo deixa algumas pistas para reflectir e entrar no novo ano de forma positiva: «Imagine como gostaria que fosse este regresso. O que gostaria que acontecesse? Mas, atenção, evite pensar “no que tenho para fazer”. Experimente uma nova forma de olhar para a realidade: “O que gostaria que acontecesse?”». ..

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/familia/pais-a-maes/3713-7-passos-para-umas-ferias-descansadas

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publicado por salinhadossonhos às 14:34
Sexta-feira, 26 / 07 / 13

É bom estarmos juntos!

No final de um ano partilhado, fomos construindo, crianças e adultos, a nossa vida e a nossa cumplicidade. Foi um tempo de intimidade, tempo de crescimento, de aprender, brincar e amar.
Dizem filósofos e cientistas que a experiência da pertença e da confiança é vital na vida. Tecemo-la junto dos que são mais nossos. Efectivamente, somos uns com os outros, maturamos em conjunto, sobretudo na rede afectiva com aqueles que mais amamos.
Este ano, também quisemos incentivar o tempo no qual as crianças se foram abrindo à vida para além dos pais, ou seja à descoberta de um mundo maior. Nesse sentido foram-lhes proporcionadas as mais diversas experiências: realizar a sementeira das batatas, participar no Desfile “Braga Romana”, visitar o “Portugal dos Pequenitos”, diversão nos carroceis de S.João, experiência de equitação na “Quinta da Clarinha” e contacto com vários animais domésticos, semana de praia na Apúlia. Este caminho é fundamental, pois trata-se do seu percurso de autonomia, de abertura ao risco e ao gozo de viver. Enfrentando novos desafios, as crianças descobrem também novas competências, e daí novos sentidos para a sua vida.
É importante dar espaço aos nossos filhos para que vão ampliando as suas redes afectivas, que devem ultrapassar o núcleo familiar e alargar-se a uma comunidade maior, de amigos, de escola, de outras famílias. A cumplicidade com a humanidade é um valor que vale a pena ensinar às crianças.

publicado por salinhadossonhos às 18:41
Terça-feira, 23 / 07 / 13

Onde quer que vás, eu estou contigo!

Escrito por Eduardo Sá, psicólogo Sexta, 28 Junho 2013 

 

Leia mais uma crónica do psicólogo Eduardo Sá.

 

 

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1. Não é verdade que o lugar mais desarrumado duma casa de família seja o quarto das crianças. Pior que ele – mais atulhada e sinuosa, certamente – será uma outra divisão de cada casa: a cabeça dos pais. A cabeça dos pais, ora parece um quarto de brinquedos, no sótão – onde eles se fecham, sozinhos, cochichando com os seus arrepios ou brincando com os seus botões – ora lembra uma garagem, empanturrada de caixotes poeirentos, onde o indispensável se confunde, muitas vezes, com o substituível. A diferença entre o quarto das crianças e a cabeça dos pais é que, enquanto elas têm quem as incomode e repreenda, a muitos pais parece que lhes falta um “anjo da guarda” que ponha ordem em todo o corrupio de coisas fora do lugar. E, talvez por causa disso, enquanto as crianças espalham, descontraídas, os brinquedos pela casa, muitos pais, passando de si próprios uma ideia muito arrumadinha, acumulam, vezes de mais, “macaquinhos no sótão”. O jeito que dá, portanto, um anjo da guarda!

 

Seja como for, não gosto da forma como os pais puxam para outras entidades a prova de vida do seu amor. É assim com o Pai Natal, por exemplo, quando se trata de alguém fazer de “abono de família”, ou com “o homem do saco”, quando se delega numa troika qualquer o mais odioso de todos os “tem que ser!”. Que sentido tem falarem dum anjo da guarda para dizerem às crianças: “Onde quer que tu vás, eu estou contigo”? E porque é que não são claros e confidenciam: “Estou um bocadinho na luz dos teus olhos e no trepidar do teu coração (mesmo quando ele se engasga e te atrapalha). E na forma, cheia de engenho, como caças duendes ou embirras com a tua professora. E, claro, no modo como procuras mistérios ou não gostas da matemática quando a avó Alice ta tenta ensinar. E estou nas tuas lamúrias. Como nas tuas manhas e, até, nas nossas manias. E, já agora, na forma como me dizes que me amas mesmo que te fiques, unicamente, por outro: ‘não gosto de ti!’. Onde quer que tu vás, eu estou contigo; mas não sou tu.” (A fórmula seria, suponho eu, mais essa.) De qualquer modo, um anjo da guarda permite que Deus não esteja em todo o lado, ao mesmo tempo. E como essa delegação de funções admite, inclusive, que as crianças tenham a quem apresentar cadernos reivindicativos, com um twist à italiana, tudo fica muito mais animado para elas porque Deus não poderia amuar, nem ficar vermelhusco, quando ralha, nem podia dizer: “Se não gostas de mim, procura outra mãe” (porque isso talvez não fosse tolerado pelo contrato de trabalho que Ele mantém com a Humanidade).

 

Mas se não gosto da forma como delegam nos anjos da guarda o carinho com que olham pelos filhos, não gosto, também, por outro lado, do modo como os pais consideram como “macaquinhos no sótão” todas as suas mais silenciosas inquietações. Ora, se falta aos pais quem faça de anjo da guarda eles que protestem. E que exijam, a quem olhe por eles, que “faça pela vida”. E que deixem de supor que os avós das crianças, “porque já têm alguma idade”, não devam ser incomodados com pedidos de mimo. Por acaso, anjo que é anjo envelhece? E, depois, quando os filhos põem aberturas fáceis no coração dos pais, falando por eles, os milagres não existem? Porventura alguma vez é tarde para se reclamar colo a quem sentimos que o tem para nós? Os “macaquinhos no sótão” são, portanto, uma entidade mítica com que muitos pais se desculpam para dizerem, quando ficam a matutar nos seus ressentimentos, que se desamparam a culpa não será deles. É dos macaquinhos... José Mário Branco, de forma esclarecida e arrebatadora, talvez fale desse formigueiro no coração dum jeito mais bonito. Assim: “A contas com o bem que tu me fazes, a contas com o mal por que passei, com tantas guerras que travei, já não sei... fazer as pazes.”

 

 

 

2. Os pais com “macaquinhos no sótão” são, muitas vezes, quase mágicos, quando dão colo, mas um bocadinho enfadonhos, como pessoas amáveis. Porque são mimalhas. Não exigem mimo – por medo de, sempre que o reclamam, não o terem – mas amuam, de desamparo, quando ninguém adivinha o seu desejo e não o satisfaz. Fazem de duendes ou de gnomos, porque se imaginam mais minúsculos do que são. E fazem de “formiguinhas da família”, talvez porque não imaginem outra forma de serem amados que não seja prestando, duma maneira generosa e incansável, bons serviços. Mas estragam-se quando aceitam, como quem encolhe os ombros, muitas coisas que os magoam devagarinho, a que chamam... “macaquinhos no sótão”. Eles sabem que perdoar é recordarmos as coisas sem que elas nos magoem. Mas, mesmo assim, moem a dor mas não a falam (e, desse modo, ela não passa). E são tantos os pequenos episódios de falta de mimo que os atormentam (e que não esquecem), que os seus gestos parecem ser sempre medrosos e assustados. Não reivindicam, de forma clara, nem abraços nem atenções e, quando damos por eles, lamuriam-se, mas não são arrebatados, engenhosos ou, simplesmente, vivos, quando nos dizem: “gosto de ti!”. E, mesmo que haja quem os queira amar, nunca parecem estar todos num mesmo lugar: retiram-se, e agem como se, de entre todas as pessoas, escolhessem, teimosamente... os macaquinhos. Na verdade, não são mimados: são mimalhas. Ou, se preferirem, são uma espécie de anjo da guarda em part time. E isso é mau!

 

Já os pais que fazem de anjos da guarda a tempo inteiro arrumam o quarto das crianças enquanto resmungam contra a sua falta de autonomia. E descascam-lhes as laranjas, mesmo quando indagam acerca das “boas mãos” que parecem não lhes faltar. E vão buscá-las à escola e interrompem o caminho de volta para casa só para darem um passeio ou para as verem lanchar leite com chocolate (ou com qualquer outra coisa quase tão doce como o seu amor). E contam-lhes histórias, a sério ou só pelo gosto de as inventar. E esparramam-se na cama, bem junto a elas, e tagarelam, enquanto aconchegam os lençóis. E pespegam-lhes beijos, dos grandes, bem demorados, na cabeça, antes de apagarem a luz e de dizerem “boa noite”. E, em vez do escuro, deixam, atrás de si, um rasto de estrelas, borboleteando, pelo quarto.

 

 

 

3. As crianças ou são mimadas ou são mimalhas. Não sendo uma coisa nem outra, são caprichosas e mal-educadas. As crianças mimalhas ficam presas nos desamparos dos próprios pais. Lamuriam-se e rezingam, que são um apelo de mimo e um “chega-te para lá”, ao mesmo tempo. É claro que elas estão sempre a tempo de se tornarem mimadas; assim os pais deixem os “macaquinhos no sótão” e se transformem em anjos da guarda, enquanto podem.

 

As crianças caprichosas e mal-educadas, tornam-se, elas próprias, os “macaquinhos no sótão” dos seus pais. De certo modo, “voam” mais depressa que os anjos da guarda... E, suponho eu, percebe-se porquê: talvez elas sintam, como mais ninguém, que terão pais que nunca virão a ser anjos da guarda e, sendo assim, enquanto os atormentam e agitam, iludem, de forma mais ou menos vertiginosa, esse vazio.

 

 

 

Já as crianças mimadas só se tornam assim porque têm quem faça, a toda a hora, de anjo da guarda só para si. E é por serem, saudavelmente, mal habituadas desse jeito que, pela vida fora, ao lutarem por quem as ame, não admitem ser ignoradas ou desconsideradas, nem magoadas com gestos desatentos. E tão depressa fazem uma birra como, a seguir, a esquecem e abraçam, de carinho, com força. E, em vez de amuarem, esganiçam-se, de fúria, antes de rirem, sem cortinas, por quase nada que pareça superlativo para os sisudos.

 

Benditas sejam as crianças mimadas! Aliás, não sei quem pôs a circular que ser-se mimado seria um obstáculo para se crescer. Mas, fosse quem fosse, estava enganado. Compreendo que as crianças mimadas, de tão habituadas estarem a quem as adivinhe, às vezes, pareçam molengonas. E, seja em relação aos sonhos ou às suas metas, fiquem, mimentas, à espera de quem se antecipe e fale por elas e, se for possível, dê um... empurrãozinho a tudo o que desejam. Seja como for, o mimo torna-as mais simples e mais bonitas. E, por mais que não pareça, são elas quem põe o mundo aos pinotes e o vira do avesso.

 

 

 

Em resumo: quanto mais mimo mais anjos da guarda e quanto melhores anjos da guarda menos “macaquinhos no sótão”. Isto é, se não fossem os macaquinhos trazerem, mais do que deviam, interferências ao mimo que nos falta, e o mundo das pessoas que nos amam seria um “exército” de anjos da guarda mais ou menos sem fim.

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/6331-onde-quer-que-vas-eu-estou-contigo

publicado por salinhadossonhos às 14:40
Sexta-feira, 19 / 07 / 13

Painel de Verão

Os caranguejos....

e os peixinhos.


publicado por salinhadossonhos às 17:49
Terça-feira, 16 / 07 / 13

Ser melhor mãe... a brincar

Escrito por Sónia Morais Santos Terça, 30 Abril 2013

 

 

Gostava de me sentar no chão contente, a brincar às mães e aos pais, a fazer corridas de carrinhos...

 


 

Se há coisa que invejo nesta vida são os pais que gostam de brincar com os filhos. Mas que  gostam mesmo, genuinamente, assim com paixão desmesurada. Eu gostava de gostar. A sério. Gostava de me sentar no chão, contente, a brincar às mães e aos pais, a fazer corridas de carrinhos, a vestir e a despir bonecas, a fazer cozinhados de faz-de-conta, a pentear póneis. Desgraçadamente, não é o que acontece. Sento-me no chão, é certo, mas faço um frete bestial.

 

A esta altura já há mães a benzerem-se, ai Jesus como é possível uma mãe assim? Pois é. Isto há de tudo nesta vida. E eu perdi, algures no processo de crescimento, o gosto pelas brincadeiras. E se consegui ir escapando porque os rapazes só queriam jogar à bola (e o pai alinhava alegremente) ou fazer jogos de Playstation (e aí alinho alegremente) ou puzzles (também gosto) ou porque gostavam de brincar sozinhos ou um com o outro... com a Madalena a coisa pia mais fino. A criaturinha recusa-se a brincar sozinha e eu sou sempre chamada para a linha da frente. Ela é Nancys, ela é Barbies, ela é cozinhas, ela é bebés, ela é todo um mundo novo cansativo e entediante. Se eu não brinco? Brinco, pois, que ser mãe também é isso. Mas preferia fazer um milhão de outras coisas, para dizer a verdade.

 

Posso estar a cometer uma injustiça brutal, mas a verdade verdadeira é que não me lembro nada da minha mãe a brincar comigo. Lembro-me de passar horas no meu quarto, sozinha, entretida com bonecos e legos, lembro-me de brincar aos locutores de rádio, lembro-me de me juntar com vizinhos e fazer jornais que depois vendíamos na rua. Lembro-me muito bem de estar na minha vidinha, revestir a varanda de cobertores e ter ali uma casinha, lembro-me de ser feliz no meu mundo e de não precisar que a minha mãe viesse ajudar-me nas brincadeiras.

 

A Madalena não. Odeia estar só. Talvez porque já tenha nascido neste caldo maluco onde pulula tanta gente, talvez porque nunca consegue estar mesmo sozinha porque há sempre alguém em casa, há sempre um irmão por perto, a verdade é que até para ir à casa de banho precisa de acompanhante. E brincar sozinha está, por isso, fora de questão. Por isso, estou sempre a ser arrastada para o seu quarto. Geralmente tento convencê-la a pintar. No outro dia, porém, fui eu quem propôs uma brincadeira com os

 

Nenucos. Ela até pode ter achado estranho tanto voluntarismo mas há-de ter preferido não demonstrar espanto e assentiu logo, toda contente. E porque é que me deu para brincar às mães e aos pais? Bom, porque de há uns tempos para cá que noto

 

que pequena Madalena, nos raros momentos em que decide brincar sozinha, pega nos bonecos à bruta, grita com eles

 

(grita muito com eles), põe-os de castigo. Aquilo andava a fazer-me uma impressão dos diabos: mas por que raio se comporta ela assim com os seus bebés? Será que eu grito assim tanto com ela e isto é uma mimese pura da vida real? Será que eu sou assim? Medo!

 

Discuti o assunto com o Ricardo que, a rir e só para me irritar, disse que era óbvio que ela copiava o que conhecia.

 

Falei com a minha mãe que explicou que as amiguinhas do café brincam assim e ela havia de estar apenas a reproduzir o que via. Até fui às minhas bíblias, os livros escritos pelo pediatra Mário Cordeiro, para tentar perceber se o problema era dela ou se, feitas as contas, era meu. Foi então que percebi que alguns miúdos canalizam nas brincadeiras alguma raiva acumulada. Precisam de descarregar as tensões e as frustrações e os bonecos servem também para isso. Com efeito, a caçula da família está no fim da “cadeia alimentar”. Há quatro pessoas mais velhas que ela cá em casa e todos, cada um à sua maneira, “mandam” nela. Ora, nada como um boneco para sofrer as represálias de tanta autoridade mal engolida.

 

Ainda assim, não descansei enquanto não lhe mostrei como tratar dos seus “filhos”. Peguei ao colo num bebé-careca, com toda a suavidade, despi-o, fingi que lhe dava um banho ao mesmo tempo que cantava, sequei-o, tornei a vesti-lo, pu-lo a comer. Depois, li-lhe uma história e aconcheguei-o na sua caminha. Dei-lhe um beijo de boa noite. Tudo perante o olhar enternecido da Madalena. “Vês? É assim que tratamos os bebés...” E, de caminho, tenho evitado gritar na vida de todos os dias. Afinal... até a brincar se aprende a ser melhor mãe.

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/sonia-morais-santos/6156-ser-melhor-mae-a-brincar

publicado por salinhadossonhos às 14:47
Sexta-feira, 12 / 07 / 13

Exposição Final de Ano

A brincar e a trabalhar

Tanto que eu me diverti!

E quero para os meus pais,

os trabalhos exibir!

 

publicado por salinhadossonhos às 17:36
Terça-feira, 09 / 07 / 13

Os adultos deixam de voar...

Escrito por Eduardo Sá Quinta, 18 Abril 2013 

 
Todas as crianças olham as pessoas nos olhos porque sabem que, partindo deles, se chega, num instantinho, ao coração.

 

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1.

Todas as crianças olham as pessoas nos olhos porque sabem que, partindo deles, se chega, num instantinho, ao coração. Se o coração das crianças fosse uma casa, teria uma porta colorida. E janelas, de cortinados aos folhos e com sardinheiras debruçadas. Seja como for, o coração das crianças parece uma longa gare, na véspera duma festa. Atravessam-no corrupios de sentimentos que, logo que desaguam, prontamente abalam, de seguida. Visto de lá, o mundo não é bem um lugar onde todos co-habitam, mas um sítio buliçoso, onde se fala e se convive. Onde se trocam abraços. Onde se esboça um ou outro adeus, contrariado. E as lágrimas crepitam, aqui e acolá. E onde, ainda, na hora do regresso, depois de se voar (porque as pessoas, quando se entusiasmam, voam sempre um bocadinho) não faltará uma janela aberta à sua espera. Para voltarem.

 

 

2.

Eu sei que voar é uma forma quase enfadonha de falar do que somos capazes quando escorregamos do olhar para o coração. Mas fiquemo-nos por ele. Porque é que as pessoas, logo que crescem, deixam de voar? Eu acho que as pessoas, quando crescem, se tornam um bocadinho sem-abrigo. Porque lhes falta uma janela – entreaberta, que seja – à sua espera. Deixam de acreditar em fadas e em bruxas, mesmo sabendo que elas moram por aí, fora das histórias. E, se se fiam no Pai Natal, é com vergonha. Acham que o coração se torna um órgão cor-de-rosa, esconso, com quatro cavidades. Sem janelas, nem mansardas nem guaritas. A mim, parece-me que as pessoas, quando crescem -, sem saberem porquê - só brincam às escondidas. Não choram no cinema. Deixam de saber como se ri até às lágrimas. E perdem, o jeito - bom e batoteiro - de espreitar as conclusões antes de folhearem qualquer história. Se não se perdem nas histórias, as pessoas desistem de voar. Deixam de ter várias vidas. E, em todas aquelas onde, teimosamente, ainda se barricam, morrem para a vida eterna. Muito, muito antes, do seu entendimento lhes cochichar que já morreram. Parece-me que, quando crescem, as pessoas só voam quando sonham. E isso não é bem voar; é mais dormir. Deixam de saber como é que, partindo dos olhos, se chega, num instantinho, ao coração. Tornam-se amigas do silêncio. Passam a viver resgatando memórias. E, quando é assim, a esperança (que as memórias constroem, peça-a-peça) fica inquinada de saudade. E desperdiçam as outras vidas (para além da sua) que, sempre que estamos disponíveis para voar, não deixam de se pespegar, por perrice, ao pé de nós.

 

 

 

3.

Na verdade, as pessoas, quando crescem, confiam pouco umas nas outras. Não falam dos medos nem das iras. Não falam das mágoas nem do «logo se vê» com que dizem «não» devagarinho. Não falam dos seus encantamentos. Nem das vezes em que se sentem patetas (e como isso, quando acontece aos solavancos, sabe a leite de creme queimado na hora). Não falam dos sonhos de que desistiram como se fossem eles, de birrentos, a encurralá-las nos seus gestos. E não falam das poucas vezes em que não cabem em si. Nem de como, sem darem por isso, não são nem audaciosas nem tenazes. As pessoas, quando crescem, dão-se pouco umas às outras. Se as sentimos com o coração desnorteado no seu peito, sossegando-nos para elas, dizem-nos: «não é nada!». Sempre que choram por muitas razões ao mesmo tempo, para simplificar, choram «por nada». E quando se passeiam pelo desejo, de indecisas, falam como se lhes apetecesse… nada. Muitas vezes, as pessoas, quando crescem, não mentem nem falam verdade. Ocultam-na, que é assim uma forma de transformar o silêncio na maior de todas as mentiras.

 

 

 

4.

Suponho que grande parte das pessoas, quando cresce, se considera apenas suportável. E, muito pior, imagino que vivam essa singularidade como se ela fosse um predicado que lhes mereça algum carinho. Suportável – imagino eu– quer dizer que as pessoas se sentem medianamente aceitáveis e que, por isso, ocupam um espaço pequenino nas suas relações. Parece-me que não é muito diferente de se sentirem desajeitadas para voar. Às vezes, parece–me que sofrem duma epidemia complicada a que elas chamam «vida real», que faz com que a beleza que pulula à volta delas lhes pareça misteriosa e insondável. E que é por ela que imaginam que o mundo vai daqueles que se suportam aos outros, que são insuportáveis. Ora, quando as pessoas são um bocadinho insuportáveis, eu gosto delas. Estão entre imaginar que se voa e aprender a voar. Entre não olhar nos olhos e acreditar que, pela mão de alguém, o coração terá janelas. Digamos que não tem nem acrobatas nem gaivotas. Não me interessa não ter um nome para lhes dar. O importante, de verdade, é descobrir que o coração das pessoas, logo que crescem, deixa de voar. E que elas precisam de se perder nas histórias e ter várias vidas para que ele volte a ter uma porta colorida. E janelas, de cortinados aos folhos e com sardinheiras debruçadas.

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/6127-os-adultos-deixam-de-voar

publicado por salinhadossonhos às 14:56
Sexta-feira, 05 / 07 / 13

Semana de praia

Na primeira semana de julho
À praia fomos brincar
Que manhãs tão bem passadas
Brincar na areia e no mar!


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publicado por salinhadossonhos às 16:56
Terça-feira, 02 / 07 / 13

Convivência com cães previne doenças


 

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A convivência com cães pode ajudar a prevenir doenças respiratórias nas crianças, particularmente a asma. A conclusão é de um estudo da Universidade da Califórnia que detetou que o pó das casas com cães é eficaz na proteção de infeções e no fortalecimento do sistema imunitário. Os resultados do estudo foram apresentados esta terça-feira na reunião geral da American Society for Microbiology (ASM). De acordo com o comunicado divulgado pela ASM, descobriu-se que a inalação do pó com micro-organismos caninos é capaz de desencadear uma proteção contra o RSV, vírus responsável por variadas infeções respiratórias infantis.

 

Kei Fujimura, umas das investigadoras envolvidas no estudo, explicou que foram feitos vários testes em ratos. Os que foram alimentados por uma solução que continha o pó não exibiram sintomas de infeção após exposição ao vírus RSV, tendo os micróbios de origem canina desempenhado  aqui um papel crucial ao acionarem uma resposta do sistema imunitário. Em estudos anteriores, “já se tinha associado o contacto com cães a uma maior proteção contra a asma”, embora não fossem conhecidos os motivos concretos, sublinha Fujimura. Com esta nova investigação, concluiu-se que a proteção deriva dos microorganismos presentes na composição do pó de casas com cães.

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Os cientistas encaram esta descoberta como um novo passo no combate às doenças respiratórias infantis. Resultante da colaboração entre o laboratório Lynch, da Universidade da Califórnia, e o laboratório Lukacs, da Universidade de Michigan, ambas dos Estados Unidos, a investigação deverá, agora, prosseguir para estudos mais aprofundados.

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/criancas/dos-3-aos-5-anos/5131-convivencia-com-caes-previne-doencas

publicado por salinhadossonhos às 15:14

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