
Setembro, o regresso ao trabalho para um novo ano letivo: horários a cumprir, o tempo mais ocupado, a correria para as múltiplas tarefas, menor liberdade!
As crianças não são imunes a esta dinâmica. Significa, então, que deixarão de ter a vida relaxada de que, certamente, usufruíram nos últimos tempos; que deixarão de ter os pais e/ou familiares tão disponíveis e perto delas; que passarão a ter horas certas de deitar; a acordar mais cedo; a executar tarefas diárias; a cumprir horários; que irão ficar no jardim de infância enquanto os pais trabalham.
É obra! Salvo raras exceções, ou seja, para a maioria das crianças, num padrão saudável e compreensível, a vida torna-se mais “dura” e, à partida, menos agradável.
É por isso que devemos transformar esta nova fase — inevitável — da vida das crianças e, por consequência, o espaço do jardim de infância, onde permanecerão longas horas por dia e muitos dias por ano, num espaço de gosto, de prazer e de oportunidades. As crianças poderão (e deverão) encontrar aqui um conjunto de atividades de que gostem e que lhes darão enorme satisfação, algo que dificilmente encontrarão noutros locais.
Em primeiro lugar, um espaço alargado de socialização, ou seja, um espaço onde podem estar com outras crianças da sua idade, ou de idades próximas, e interagir com elas em múltiplas situações.
Em segundo lugar, é um espaço lúdico, onde as crianças brincam livremente, o seu principal “ofício”, tão necessário para que possam viver, conviver, imaginar e crescer. Mas um local, também, e por excelência, de atividade e de aprendizagem. As crianças gostam de fazer coisas, de intervir e agir, gostam de realizar e concretizar, gostam de ter tarefas e de se envolverem em projetos. E é nessa ação que surgem múltiplas e ricas oportunidades de aprendizagem.
Por último, o jardim de infância é um local de vivência da organização e de regras. As crianças precisam de ambientes organizados e com regras. Um ambiente com estas características é absolutamente necessário para que se estruturem a si próprias, para que aprendam a viver com os outros e, dessa forma, para que possam crescer de forma mais equilibrada e harmoniosa.
Parece, pois, ser este o “truque” de cada ano que recomeça: o saber converter esta “obrigatoriedade” e “inevitabilidade” — para nós e para elas! — num momento de alegria e de entusiasmo, porque nos vamos encontrar (ou reencontrar, no caso daqueles que connosco já estiveram); porque vamos estar juntos, porque nos vamos conhecer mais e melhor; porque vamos fazer muita coisa em conjunto e nos vamos divertir; porque vamos aprender muito uns com os outros; porque iremos crescer juntos.
Importa, então, que, como profissionais, organizemos o espaço e planifiquemos as atividades para que tudo isso tenha lugar e venha a acontecer.
E assim, com este espírito positivo e empreendedor, mesmo os casos cuja adaptação (ou readaptação) se revele mais difícil — o que, com frequência, acontece —, rapidamente serão atraídos e integrados na dinâmica geral de atividade que o grupo estabelecer.