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Terça-feira, 11 / 08 / 15

Como preparar uma criança para a escola primária

Como preparar uma criança para a escola primária
 
Criança na paragem do autocarro
 
 

A entrada na escola primária é um momento importante na vida escolar de qualquer criança, que certamente sentirá um misto de ansiedade e excitação. Saiba como ajudar o seu filho a ultrapassar eventuais inseguranças e a preparar-se para um ano letivo – o primeiro! – repleto de sucesso.

Vais para a escola primária!

O final das férias é normalmente um período de alguma tensão, para pais e filhos, sobretudo quando as crianças vão entrar para a escola primária. O receio do desconhecido, bem como a separação dos pais, após um longo período de férias, pode contribuir para alguma insegurança por parte das crianças, bem como algumas expectativas por parte dos pais, que sentem uma espécie de abalo emocional, por deixarem os seus filhos num local completamente novo. Aqui ficam alguns conselhos que poderão reduzir o nível de stress, por parte das crianças, mas também dos próprios pais.

Criar uma imagem positiva da escola

É importante criar uma expectativa positiva em relação à entrada para a escola primária, o que pode ser feito de várias formas:

  • Falar da experiência pessoal dos pais, enquanto alunos na escola primária, contando aspetos que os marcaram e a importância que a escola teve para eles. A pequenada vai adorar ouvir histórias de quando os seus pais também eram pequenos alunos!
  • Fomentar o contacto das crianças com alunos que estejam neste  nível de escolaridade e que poderão falar de todas as aprendizagens e brincadeiras que viveram ao longo do ano letivo. Se houver irmãos mais velhos, devem proporcionar conversas animadas sobre a experiência na escola primária e aproveitar para mostrar fotos, trabalhos escolares, cadernos e manuais.

Levar a criança a conhecer a escola

É importante levar a criança a conhecer a escola primária que vai frequentar, com uma visita guiada a todas as suas valências: as salas de aula, o refeitório, a biblioteca, o pavilhão ou espaço desportivo, o recreio. Peça a um funcionário da escola para acompanhar essa visita e para explicar o tipo de atividades que habitualmente se realizam em cada um desses espaços. Desta forma, a criança aperceber-se-á que, para além da aprendizagem, a escola disponibiliza também equipamentos lúdicos, que poderão contribuir para muitas e divertidas brincadeiras com os outros alunos. Também aqui poderá aproveitar para pedir a um aluno da escola (alguém conhecido – como um primo, vizinho ou amigo – seria ótimo!) para os acompanhar nessa visita, pois, é sempre importante ouvir as experiências na voz de uma criança que já passou pelo primeiro dia de aulas na escola primária. Desta forma, estará a criar as condições necessárias para que a criança não se sinta tão “perdida” ou “desenquadrada” no início das aulas. Se possível, conhecer a professora antes do arranque do ano letivo será outra boa estratégia para preparar adequadamente a criança para a entrada na escola primária.

Fomentar o gosto pela leitura, pelo estudo e pela aprendizagem

Aproveite para ler ao seu filho, explicando-lhe que, em breve, será ele a ler para si. Fale-lhe do mundo fantástico das letras, que juntas se transformam em palavras e estas em frases. Leve a criança a bibliotecas ou livrarias, deixando-a descobrir o mundo mágico do livro. Faça da compra do material escolar uma verdadeira terapia de pais/filhos, mostrando-lhe todas as hipóteses de material que tem à sua disposição e deixando a criança escolher algumas coisas sozinha. Em casa, revejam o material e arrumem-no com carinho. Prepararem uma secretária de trabalho e deixe a criança começar a utilizá-la, falando-lhe dos trabalhos de casa, que aí realizará. Forre os manuais escolares, com a ajuda da criança, e arranje umas etiquetas bem divertidas para colarem juntos. Estes conselhos ajudarão a ultrapassar os receios iniciais do primeiro dia de aulas e contribuirão de forma significativa para o sucesso escolar da criança.

Criar novas e divertidas rotinas

Para que a criança não estranhe tanto as mudanças que se vão instituir com o início das aulas na escola primária, poderá optar por criar estas rotinas mais cedo, de forma divertida e com alguma criatividade, manifestando o seu entusiasmo perante uma nova e importante etapa na vida do seu filho. Desta forma, a criança sentir-se-á mais segura, pois já experienciou algumas dessas mudanças. Para isso, deverá:

  • Estabelecer os horários de deitar, acordar e de fazer os trabalhos de casa.
  • Fazer as refeições à hora estipulada, aproveitando este período de partilha para falar da escola, dos novos amigos que a criança vai criar, bem como das aprendizagens que vai fazer.
  • Brincar à escola com a criança, mostrando os novos manuais e aproveitando alguns dos temas de que gosta, para lhe despertar o gosto e entusiasmo pelas diferentes disciplinas.
  • Deixar sempre todo o material escolar e roupa para o dia seguinte preparado na noite anterior, de forma a evitar manhãs stressantes.
 http://pequenada.com/artigos/como-preparar-crianca-para-escola-primaria
publicado por salinhadossonhos às 11:30
Terça-feira, 02 / 06 / 15

NO DIA DA CRIANÇA, OS AVÓS SÃO OURO

A avó, o avô. Os avós. Figuras imprescindíveis na vida de uma criança. Os avós são, nos dias de hoje, ainda mais importantes no acompanhamento dos netos e no auxílio aos filhos que precisam de trabalhar para sustentar o lar.

Esta é a explicação comum, quando se fala da relação de avós e netos. Mas são muito mais do que isso. Quem teve a sorte de conviver com os avós durante a infância sabe bem a importância desta afirmação. Quem não teve, certamente sentirá esse vazio.

 

Costuma dizer-se que os pais educam e os avós mimam. Apesar de ter algum fundo de verdade, o conhecimento dos avós, a experiência de vida, passada aos netos, tem um impacto significativo na formação das crianças e também na vida dos avós.

António e Mariana tomam conta dos três netos, todos os dias, das 17h30 até à hora do jantar. Quando necessário, dão-lhes banho, jantar e deixam-nos prontos para dormir. A tarefa nem sempre é fácil.

“Quem manda cá em casa somos nós mas às vezes é complicado. Há dias em que chegam bem dispostos e tudo corre bem mas noutros dias quando um está mais birrento parece que ficam todos mal dispostos”, assegura a avó, Mariana. No entanto, adianta, “quando eles não estão cá parece que falta qualquer coisa, a casa fica vazia. Já estamos habituados e já sentimos a falta quando eles não estão”.

O avô, António, diz, a sorrir, que sem os netos “parecíamos dois tontos a olhar um para o outro”. A avó, Mariana concorda: “Se estivéssemos sempre sozinhos era mais complicado. Tínhamos de sair de casa para nos distrairmos. A primeira neta já nasceu há sete anos, já são sete anos de animação, não dá para imaginar os dias sem eles”.

António sabe bem a importância da ajuda que dão à filha nesta tarefa. “Nem quero pensar em como seria se os pais deles não tivessem a nossa ajuda. Porque não é só ir buscar à escola. Estamos disponíveis para eles 24 horas por dia, se adoecem ficam nos avós, se precisam de ajuda em casa, qualquer coisa. Felizmente temos tempo”, afirma.

“Durante o dia preparamos tudo, faço a lida da casa, tenho de adiantar tudo até à hora de os ir buscar, porque depois não temos tempo para mais nada. A rotina é sempre a mesma: primeiro vamos buscar a mais velha à escola e depois os mais novos à creche”, esclarece a avó, Mariana.

“Quando chegamos a casa preparamos o lanche. Um quer uma coisa, outro quer outra. O mais pequeno quer tudo o que as irmãs querem mas depois não quer nada. A do meio come sempre a mesma coisa: pão com nutella. Todas as tardes temos de ter disponível iogurtes, pão, croissants, sumos, papas, leite, nutella”, especifica a avó da Inês (sete anos), Joana (três anos) e Gonçalo (um ano).

Depois do lanche, é preciso ajudar nos trabalhos da escola e animar os netos até à hora da chegada dos pais.

“Eles têm personalidades diferentes: a mais velha já compreende bem as coisas e o seu estado de espírito depende de como lhe correu o dia na escola, se correu bem vem bem disposta e não refila (porque é um bocado refilona e teimosa) e é muito meiga; a do meio está numa fase complicada em que não sabe bem o que quer, tem um feitio muito especial, é teimosa e às vezes só faz o que quer; o mais novo já começa a sair da casca. Nem sempre é fácil”, confessa a avó, Mariana.

A Inês faz os trabalhos de casa com a ajuda do avô, que teve de voltar a aprender matemática e outras disciplinas para garantir que a neta não erra e compreende os exercícios.

“Gosto de vir para casa dos avós porque faço desenhos, faço os trabalhos. O avô ajuda-me a fazer os mais difíceis”, diz Inês (sete anos).

Enquanto isso, a avó dedica-se aos mais novos que revolucionam a casa assim que lá entram. “A desarrumação total tomou conta desta casa. Só quando eles vão embora podemos dar um jeito. Enquanto cá estão está sempre tudo espalhado, cheio de brinquedos”, diz o avô.

A sala transforma-se num espaço de brincadeira com mesas e cadeiras feitas à medida dos mais novos e na televisão só dá desenhos animados. Novelas e outros programas só são permitidos quando as crianças saem. Ao lado do rádio há cd’s de fado e música alentejana mas o que toca sempre são as músicas infantis que servem para entreter os mais novos. E todos dançam e cantam para passar o tempo.

Os avós deixam os netos andar à vontade. Podem sujar-se desde que não se magoem. Muitas vezes o estendal dos avós está cheio de roupa de criança. “O importante é que estejam entretidos, que se divirtam, sempre em segurança”, assegura o avô, António.

Para a Inês, a casa dos avós permite outras brincadeiras: “Aqui posso saltar à corda e na minha casa não posso porque vivo num prédio”. Já a Joana valoriza o recheio do lanche. “Os avós fazem sempre carcaça com nutella”. O lanche tem um sabor diferente em casa dos avós. E é aqui que os netos encontram muitas vezes um espaço de refúgio. “Às vezes durmo cá e gosto muito porque tenho mais sossego. Não tenho de ouvir os meus manos a acordar cedo e durmo com a avó”, lembra a Inês.

Desde que nasceu a primeira neta as rotinas do casal mudaram e as tarefas foram-se intensificando com o nascimento dos outros dois.  “Agora é uma rotina, fomo-nos habituando conforme eles foram nascendo. Nós é que tivemos de nos adaptar às crianças”, diz o avô António. Para este casal de avós, apesar do esforço, os netos ajudam a dinamizar o lar.

“Fui criado com 4 irmãos, a minha mulher tem mais 7 irmãos, por isso estamos mais que habituados a estas confusões. Para mim isto é uma alegria”

Depois de cuidarem das filhas, já com mais de 30 anos, os avós voltaram às fraldas, papas e cuidados infantis. Não se dizem cansados, pelo contrário. As crianças enchem-lhes a casa.

http://lifestyle.sapo.pt/familia/crianca/artigos/no-dia-da-crianca-os-avos-sao-ouro?pagina=2

publicado por salinhadossonhos às 02:40
Terça-feira, 25 / 11 / 14

“O mimo nunca estraga uma criança”

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O pediatra Mário Cordeiro escreveu mais livro dirigido aos pais. Desta vez, sobre “Educar com Amor”, porque, como explica, “amar é a palavra-chave” e “educar é o seu apêndice”. Em entrevista à Pais&filhos apela aos pais que sejam mais coerentes, mais frugais e que digam aos filhos que os amam, “sem cerimónias”.

 

 

 

Começa o livro com um exemplo bem conhecido de quase todos os pais: uma birra gigante no supermercado, no final de um dia de escola/trabalho, porque a Maria, de três anos, quer um pacote de bolachas e a mãe não quer comprar. A mãe deve comprar as bolachas à Maria ou não?

 

Isso é uma minudência no meio desse imbróglio. A mãe deve agir como entender, mas “curto e seco”, no sentido de comprar a birra ou as bolachas, mas não ficar num “entre cá e lá” que só confunde a criança e aumenta o stresse. Num momento ser possível e no outro não, acabará por bombardear a criança com mensagens contraditórias. A mãe, porventura, deveria ter poupado – à Maria e a ela própria – aquela cena, pensando numa melhor altura para ir às compras, que não um final de tarde de um cansativo dia.

 

 

 

Fala-se muito na necessidade de dizer “não” às crianças? Neste livro parece discordar dessa ideia…

 

Atenção que não partilho a ideia de alguns pediatras de que as crianças devem ser os reizinhos da casa e que o mundo deixa de girar porque suas excelências querem isto e aquilo. Defendo que se diga “não” e sublinho, várias vezes, que o “não”, quando adequado e justo, é a melhor forma de a criança aprender a viver com a frustração, e não ficarem umas pessoas egoístas, narcísicas e omnipotentes. Agora, entre o “não” sem explicações e que humilha e sacode, e o “não” em que se dão justificações, se ensina, se acarinha e se arranja uma alternativa e um plano B, C ou D, opto decididamente pelo segundo.

 

 

 

E os castigos são mesmo pedagógicos?

 

Claro que são. Tal como os prémios. Mas têm de ser adequados, justos, proporcionados, no tempo certo, e sempre, mas sempre mesmo, castigando o ato e o comportamento e nunca, mas mesmo nunca, a pessoa. A criança é querida, do sentido do verbo querer, e isso deve ser sublinhado naquela altura em que ela pensa que os pais vão deixar de gostar dela ou pensar que ela é feia ou má. Mas depois disto dito, o comportamento deve ser avaliado, dissecado e, se for caso, aplica-se a “justiça”, com penas, atenuantes e agravantes…

 

 

Um dos grandes medos dos pais é que os filhos não se sintam amados? Como é que podemos mostrar aos nossos filhos que os amamos?

 

Dizendo-lhes sem cerimónias, as vezes que considerarmos necessárias. Dizermos mas não para fazer um favor ou exibirmo-nos em frente de terceiras pessoas. Dizermos quando nos sai da alma. E mostrarmos, no quotidiano, que eles são uma prioridade. Não devem “comer-nos” a nossa vida, atabafar o nosso ser, cilindrar o nosso “eu”, mas têm de saber que os amamos. Amar – essa é a palavra-chave, e com ela vem o seu apêndice: Educar. Não há um sem o outro.

 

 

Quais são os maiores erros que os pais fazem que os impedem de educar os seus filhos com amor?

 

Quererem ser pais perfeitos, serem inseguros no seu amor, verem os filhos como cartões-de-visita ou sinais exteriores da sua grandiosidade, estilo “que grande mãe que eu sou por ter filhos tão bonitos”, quando isso ultrapassa o orgulho normal e natural que devemos ter em ter filhos. Outro aspeto é, dentro das nossas normais incoerências e inconsistências, inerentes ao ser humano, andarmos em zig-zag, ao sabor do vento, das modas, das redes sociais, e agirmos contra o que apregoamos: “Não acho bem que tenhas consolas, mas toma lá uma PS4, já que todos os teus amigos têm”. As crianças têm de ter a ideia de que estão em primeiro lugar para os pais – e estão! – mesmo que isso não signifique, pelo contrário, usurpar a vida dos pais, já que ambas as partes devem ter uma crescente autonomia interdependente.

 

 

 

A ideia de que o mimo demais ou o colo estraga as crianças já está mesmo fora de moda?

 

Nunca o mimo estraga uma criança – o que estraga é o desamor, o desamparo, a negligência, o desprezo, o não provimento das necessidades básicas e irredutíveis da criança. Há quem diga isso, mas é tão cientificamente errado como dizer que as vacinas fazem mal e que ter doenças é que é bom. Mas mimo é a expressão major do amor oblativo, ou seja, do que se dá “apenas porque sim”, e não de chantagens, negócios, estratégias de poder, etc.

 

 

No livro, tem um capítulo sobre as vantagens da agressividade. Pode explicar algumas?

 

Agressividade não é violência. Agressividade é a expressão do nosso polo hormonal adrenalínico (polo “pai”: ação, atividade, ousadia, crescer, arriscar). Se respeitar o outro, a agressividade é benéfica. Se entrar pelo desrespeito e pela violência, como “corta caminho” para se obter o que se deseja, então já estamos num patamar diferente, num quadro que deve ser censurado numa sociedade que se quer formada por cidadãos livres, responsáveis, humanistas e democratas.

 

 

 

As crianças de hoje brincam pouco na rua, a maior parte não sabe lançar o pião, nem nunca andou num carrinho de rolamentos. Acha que essas experiências fazem falta à infância?

 

Não sei se é a jogar ao pião ou com carrinhos de rolamentos – sou pouco nostálgico do passado em coisas assim. Sei que as crianças precisam de interação com o meio, as pessoas e os objetos usando os cinco sentidos e não apenas o visual com um bocadinho de áudio. Se é com piões ou se é jogando futebol… isso pouco importa. Mas favorecer a brincadeira em grupo, com contato e conflitos, aprender a dirimi-los, fruir a Natureza… aí sim.

 

 

 

Por outro lado, a maior parte das crianças adora e é expert em tecnologia. Como é que acha que deve ser a relação das crianças com as tecnologias?

 

Sempre houve tecnologias porque termos a oponência do polegar é a primeira das tecnologias! Quanto às novas – ecrãs nos seus vários matizes –, são boas desde que bem usadas, em qualidade e quantidade. Podemos ter 24 horas de zapping de luxo ou de lixo, mas uma coisa é certa: se estivermos 24 horas a ver tv não nos sobrará tempo para tudo o resto. A arte está em conseguir organizar a vida quotidiana de modo a poder fazer um bocadinho de tudo. É um desafio, mas se pararmos um bocadinho para pensar, veremos que temos muito mais graus de liberdade do que pensamos, desde que não nos deixemos levar por chavões e cultivemos uma vida frugal e simples, sem show-offs.

 

 

 

Existem tantas teorias e livros sobre todos os aspetos da educação de uma criança e até sobre a forma de amar um filho. Onde é que fica o instinto no meio de tanta informação?

 

O instinto é o que conta mais, mas a questão é saber se o instinto não tem de ter baias e limites, ele próprio. Será instintivo, eventualmente, dar bofetadas ou puxar as orelhas a uma criança que não faz o que os pais dizem ou que é malcriada… e contudo, este comportamento deve ser interdito. O instinto dá ao animal humano capacidade de fazer o melhor, mas também de exercer, sobretudo face a mais fracos, um poder que pode ter raias de perversidade e de vingança “pelos males do mundo”. E, como em tudo na vida, a Ciência – pediatria, psicologia, antropologia, sociologia, ética – pode ajudar os pais a balizar os seus comportamentos sem lhes dizer propriamente o que devem fazer, estilo “manual de etiqueta”.

 

 

 

O que é que faz falta às crianças de hoje?

 

É difícil particularizar, dado que, como afirmou Ortega y Gasset, “nós somos nós e as nossas circunstâncias”, e as circunstâncias variam quase tanto como as pessoas. Todavia, creio que falta cultivar a frugalidade, o que é diferente da pobreza, embora muitas vezes confundida. Ser pobre é não poder ter. Ser frugal é poder ter e não querer ter porque será redundante, exagerado ou desperdício. Devemos divertir-nos mais com coisas naturais, não dispendiosas, e ensinar as crianças a amarem a vida e a balizarem os comportamentos pela ética. Confundir o Bem e o Mal e desculpar ou branquear o Mal é um dos problemas com que nos enfrentamos. Simplicidade, humildade, cultura, divertimento com coisas pequenas, relações interpessoais e não meramente em redes sociais… enfim, fica uma ideia. Mas, note-se, não defendo, pelo contrário, o regresso à Idade das Cavernas!

 

 

 

E o que é que as faz felizes?

 

Serem amadas. Sentirem-se amadas, acompanhadas, orientadas. Sentirem limites. Saberem que alguém se preocupa em ensiná-las e terem gosto em aprenderem, em aperfeiçoarem-se, em serem melhores e transcenderem-se, e também em fazerem bem “porque sim”, como pessoas honradas e cidadãos intervenientes que devem ser. A felicidade passa também por se sentirem únicas, importantes e imprescindíveis. Claro que um geladinho ou chocolates, um passeio ou um cinema de vez em quando também as faz felizes, tal e qual um beijinho inesperado no meio do corredor ou um abraço “só porque apetece”… e aos pais igualmente, quando as acompanham nesses momentos irrepetíveis. 

 

 

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/destaque/7506-o-mimo-nunca-estraga-uma-crianca?start=1

publicado por salinhadossonhos às 01:54
Terça-feira, 09 / 09 / 14

Setembro – Regresso ao trabalho

Setembro – Regresso ao trabalho
Manuel Rangel

Setembro, o regresso ao trabalho para um novo ano letivo: horários a cumprir, o tempo mais ocupado, a correria para as múltiplas tarefas, menor liberdade! 

As crianças não são imunes a esta dinâmica. Significa, então, que deixarão de ter a vida relaxada de que, certamente, usufruíram nos últimos tempos; que deixarão de ter os pais e/ou familiares tão disponíveis e perto delas; que passarão a ter horas certas de deitar; a acordar mais cedo; a executar tarefas diárias; a cumprir horários; que irão ficar no jardim de infância enquanto os pais trabalham.

É obra! Salvo raras exceções, ou seja, para a maioria das crianças, num padrão saudável e compreensível, a vida torna-se mais “dura” e, à partida, menos agradável. 

É por isso que devemos transformar esta nova fase — inevitável — da vida das crianças e, por consequência, o espaço do jardim de infância, onde permanecerão longas horas por dia e muitos dias por ano, num espaço de gosto, de prazer e de oportunidades. As crianças poderão (e deverão) encontrar aqui um conjunto de atividades de que gostem e que lhes darão enorme satisfação, algo que dificilmente encontrarão noutros locais.

Em primeiro lugar, um espaço alargado de socialização, ou seja, um espaço onde podem estar com outras crianças da sua idade, ou de idades próximas, e interagir com elas em múltiplas situações.

Em segundo lugar, é um espaço lúdico, onde as crianças brincam livremente, o seu principal “ofício”, tão necessário para que possam viver, conviver, imaginar e crescer. Mas um local, também, e por excelência, de atividade e de aprendizagem. As crianças gostam de fazer coisas, de intervir e agir, gostam de realizar e concretizar, gostam de ter tarefas e de se envolverem em projetos. E é nessa ação que surgem múltiplas e ricas oportunidades de aprendizagem. 

Por último, o jardim de infância é um local de vivência da organização e de regras. As crianças precisam de ambientes organizados e com regras. Um ambiente com estas características é absolutamente necessário para que se estruturem a si próprias, para que aprendam a viver com os outros e, dessa forma, para que possam crescer de forma mais equilibrada e harmoniosa.

Parece, pois, ser este o “truque” de cada ano que recomeça: o saber converter esta “obrigatoriedade” e “inevitabilidade” — para nós e para elas! — num momento de alegria e de entusiasmo, porque nos vamos encontrar (ou reencontrar, no caso daqueles que connosco já estiveram); porque vamos estar juntos, porque nos vamos conhecer mais e melhor; porque vamos fazer muita coisa em conjunto e nos vamos divertir; porque vamos aprender muito uns com os outros; porque iremos crescer juntos. 

Importa, então, que, como profissionais, organizemos o espaço e planifiquemos as atividades para que tudo isso tenha lugar e venha a acontecer.

E assim, com este espírito positivo e empreendedor, mesmo os casos cuja adaptação (ou readaptação) se revele mais difícil — o que, com frequência, acontece —, rapidamente serão atraídos e integrados na dinâmica geral de atividade que o grupo estabelecer. 

publicado por salinhadossonhos às 02:34
Sexta-feira, 05 / 09 / 14

Brincar é essencial

O brincador

«Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.

Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.

Quero brincar de manhã à noite, seja no que for.

Quando for grande, quero ser um brincador.

Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.

Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer.

Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador...

A mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida. E depois acrescenta, a suspirar: “é assim a vida”. Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.

A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser brincador. Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta. Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta. Na minha sepultura, vão escrever: “Aqui jaz um brincador. Era um homem simples e dedicado, muito dado, que se levantava cedo todas as manhãs para ir brincar com as palavras.»

Álvaro Magalhães 

publicado por salinhadossonhos às 05:12
Terça-feira, 02 / 09 / 14

6 Mitos sobre a preparação no jardim de infância para a escola primária

6 MITOS (de que se fala) sobre a preparação de uma criança no JARDIM DE INFÂNCIA para a ESCOLA PRIMÁRIA (recolhidos pela MUNDOS DE VIDA). 


Os primeiros cinco anos de vida de uma criança são críticos. A sua relação e as suas primeiras experiências com o ambiente que a rodeia vão influenciar o desenvolvimento do cérebro, criando conexões neuronais que vão constituir a base para o desenvolvimento da linguagem, o raciocínio, a resolução de problemas, o comportamento e o seu bem-estar emocional - características que vão determinar, futuramente, o sucesso da criança na escola e na vida.

Existem, no entanto, alguns MITOS (de que se fala) sobre o papel que o Jardim-de-Infância deve ter na preparação da criança para a Escola Primária, que é bom esclarecer: 

MITO 1 – Ensinar o alfabeto todo é fundamental para preparar uma criança para a escola primária.
VERDADE: Não é assim. Aprender o alfabeto não é realmente fundamental. Aos cinco anos seria, sobretudo, reflexo de uma memorização precoce. É mais importante que as crianças saibam reconhecer as letras e identificar os seus sons. 

MITO 2 - As crianças precisam saber contar até 50, antes de entrar para a escola primária.
VERDADE: Não é assim. Embora seja importante que as crianças entendam a ordem dos números, é mais importante que entendam a correspondência de 1 para 1 (que cada número contado corresponde a um objeto, a uma pessoa, …) e compreendam a noção de quantidade.

MITO 3 – Quanto mais coisas a educadora ensinar à criança, melhor.
VERDADE: Não é assim. As crianças entendem melhor os conceitos quando são elas próprias que estão envolvidas, ativamente, na exploração e na aprendizagem, em vez de tudo lhes ser dito por alguém. O papel da educadora e dos adultos é mais o de estar perto a estimular e a guiar, de forma intencional, a sua aprendizagem. 

MITO 4 - Quanto mais a estrutura do programa de um Jardim-de-Infância se parecer com o programa da Escola Primária, mais uma criança fica melhor preparada. 
VERDADE: Não é assim. Uma criança pequena aprende melhor num ambiente onde pode escolher a área onde quer brincar, onde possa selecionar os próprios materiais, pelo menos numa parte do dia, e onde lhe é dada liberdade para tentar fazer coisas novas, com o apoio da educadora que a orienta na sua aprendizagem e nas suas descobertas. 

MITO 5 - As crianças precisam de estar caladas na sala para aprender melhor.
VERDADE: Não é assim. As crianças pequenas precisam de um ambiente onde se fale bastante, rico de palavras, onde os adultos criam interações para elas poderem desenvolver a linguagem e aprender novas palavras.

MITO 6 – Para aprender a escrever, deve saber desenhar todas as letras.
VERDADE: Não é assim. Embora aprender o desenho da letra tenha valor, para uma criança pequena, o mais importante é entender que se pode fazer o registo das ideias no papel. Quando uma criança faz alguns rabiscos e diz: "este é o meu pai", ou quando escreve o seu nome num desenho, a criança começa a fazer, realmente, as associações significativas entre a palavra falada e a palavra escrita.

Em síntese:

Nem sempre saber “mais e mais cedo” é o melhor. Mais do que ensinar "matérias escolares" para preparar a criança para a escola primária, o que é mais importante no jardim-de-infância é dar à criança oportunidades de explorar e fazer as suas experiências num ambiente onde a educadora e os adultos assumem o papel de alguém que apoia, guia e ajuda, com intencionalidade, a expandir a sua própria aprendizagem. 

E se é verdade que um Jardim-de-Infância deve ajudar na transição, também não é menos verdade que a Escola Primária (o que nem sempre acontece ou da melhor forma) deve dedicar as primeiras semanas do primeiro ano para apoiar a criança e os seus pais na transição, ajudando-a a criar rotinas e sentir-se segura, numa nova etapa da sua vida, apresentando-se, desde o primeiro dia, como uma "escola amiga da família".

 

 

 

http://curiososeb.blogs.sapo.pt/14901.html

publicado por salinhadossonhos às 06:02
Terça-feira, 22 / 07 / 14

As Cem linguagens da Criança

Um texto já com bastante tempo e que provavelmente a maioria dos educadores conhece.

Um texto que nos faz reflectir sobre o que é realmente a nossa prática. Estaremos a dar voz à criança para exprimir as suas emoções, os seus desejos de aprender, a exprimir as suas ideias acerca da realidade que a rodeia? Ou estaremos a retirar à criança a oportunidade de explorar as suas brincadeiras, as suas aprendizagens através dos seus interesses e das suas necessidades? Façamos uma avaliação da nossa prática e vejamos se estamos a fazê-la da melhor forma.

A criança tem cem linguagens
Cem mãos cem pensamentos
Cem maneiras de pensar
De brincar e de falar
Cem sempre cem
Maneiras de ouvir
De surpreender de amar
Cem alegrias para cantar e perceber
Cem mundos para descobrir
Cem mundos para inventar
Cem mundos para sonhar.
A criança tem
Cem linguagens
(e mais cem, cem, cem)
Mas roubam-lhe noventa e nove
Separam-lhe a cabeça do corpo
Dizem-lhe:
Para pensar sem mãos, para ouvir sem falar
Para compreender sem alegria
Para amar e para se admirar só no Natal e na Páscoa.
Dizem-lhe:
Para descobrir o mundo que já existe.
E de cem roubam-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
Que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia
A ciência e a imaginação
O céu e a terra, a razão e o sonho
São coisas que não estão bem juntas
Ou seja, dizem-lhe que os cem não existem.
E a criança por sua vez repete: os cem existem!
http://sonhoscompanhia.blogspot.pt/
publicado por salinhadossonhos às 15:29
Terça-feira, 08 / 07 / 14

21 receitas para pôr regras no seu filho

Escrito por Eduardo Sá Sexta, 28 Março 2014           

  

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1. As crianças necessitam de regras − coerentes, constantes e claras − sejam elas trazidas pela mãe ou pelo pai.
2. As regras da mãe e do pai, para serem saudáveis, não podem ser (milimetricamente) iguais. Precisam de zonas de tensão, climas duma certa aragenzinha do género: “Querem lá ver que me está a desautorizar...” e de muita manha das crianças: quer quando falam para dentro e, duma forma angélica, presumem que se o pai não disse que não (mesmo que não tenha conseguido discernir a pergunta) é porque está de acordo com ela, quer quando dizem à mãe (tipo cachorro abandonado): “Eu queria uma coisa... mas tu não vais deixar...” (que, depois de repetida três vezes, faz com que qualquer mãe diga “Sim!!!!!!” seja ao que for). Para serem saudáveis, as regras da mãe e do pai não têm que ser um exemplo de unicidade. Precisamente, unicamente, de encontrar nos gestos de um e do outro um mínimo denominador comum.
3. As regras dos pais, ao pé das dos avós, têm sempre “voto de qualidade”. Que as regras dos avós sejam açucaradas é bom; até porque traz contraditório a alguns excessos dos pais. Que em presença de um dos pais, valham as regras dos avós, não há melhor incentivo à confusão.
4. Para as regras dos pais serem apuradas, eles precisam de esgotar, de vez em quando, as quotas de parvoíce a que todas as pessoas têm direito. Pais que nunca se enganam podem ter como aspiração ser bons governantes... Mas são maus pais.
5. Todos os pais, de coração grande, têm (por isso mesmo) a cabeça quente. Exageram, portanto, algumas vezes. Mesmo quando, duma forma ternurenta, mandam as crianças de quarentena para o quarto para pensarem nas asneiras que fizeram (que, à escala do crime económico, vale tanto como desterrar um infrator nas Ilhas Caimão para reconsiderar sobre tudo aquilo que subtraiu à margem da Lei).
6. As regras não se explicam, não se negoceiam nem se justificam. Muito menos, constantemente. Explicação será exceção. A baliza de referência para todas as regras serão os comportamentos dos pais: não é credível que os pais exijam aquilo que eles próprios, um com o outro ou com terceiros, não façam, regularmente.
7. As regras exigem-se. Não se solicitam. E essa exigência deve fazer-se de forma firme e serena.
8. Às regras não se pode chegar depois de muitas ameaças, admoestações ou avisos. E, muito menos, com decibéis em excesso ou na companhia dum olhar assustado por parte dos pais. Se fosse assim, os pais exigiriam serenidade e bom senso com a boca e alarmismo, inflamação e ira, com o seu olhar (ora hostil ora assustado). E, num caso desses, as crianças assustar-se-iam e, em função disso, tenderiam a reagir como um animal encurralado...
9. Autoridade é um exercício de bondade. Exercê-la a medo é pedir desculpa por ser bondoso.
10. Depois duma criança ser avisada duas vezes, as regras dos pais têm de se cumprir. Isto é, têm mesmo de ser levadas a efeito. Ora, se os pais avisam e não cumprem, se avisam e reagem a uma falha com mais avisos, ou se avisam e, de seguida, são desmedidos no exercício da sua justiça, tudo fica confuso e inconsequente.
11. Os pais não podem zangar-se como quem promove pagamentos por conta. Na versão do velho Oeste isso significaria: dispara primeiro e pergunta depois. Isto é: não podem zangar-se por antecipação, na esperança de que isso promova a justiça. E não podem, diante duma mesma infração, hoje, zangarem-se e, amanhã, nem por isso. Porque, ao acumularem zanga, deixam passar situações que precisariam de ser claramente repreendidas para que reajam, mais tarde, diante doutras quase insignificantes. À escala da política tributária, isso significaria zangas com juros de mora. E ninguém consegue ser justo cobrando juros sobre juros a quem quer que seja...
12. Sempre que os pais se sentem muito magoados diante dum qualquer ato dum filho, estão proibidos de reagir num impulso. É melhor parecerem vacilar em tempo real e, depois da mãe e do pai conferenciarem, mais logo, ao jantar, a coima ser clara e inequívoca.
13. A regra será: sempre que o comportamento dos filhos magoe os pais eles estão obrigados a reagir. Sempre! Magoar os pais e não ter − numa repreensão, num castigo, ou numa palmada no rabo, excecional − uma forma de sinalizar o mal que se faz aos pais, através, da dor, como um interdito, é acarinhá-lo, por omissão. No entanto, nenhuma criança se torna má sem que os pais - por aflição, por exemplo - não promovam, sem querer, várias maldades.
14. Atribuir-se a culpa dos atos duma criança ao outro dos pais ou aos avós, por exemplo, é uma forma de fugir à responsabilidade. Em caso de dúvida em relação às regras da mãe e do pai, ou dos pais e dos avós, todas as crianças elevam a fasquia das asneiras, na ânsia de verem os pais, sempre que elas passam por um nível seguinte, a conseguirem ser justos.
15. Diante das asneiras das crianças, vale pouco que os pais abusem nos castigos. Se os castigos forem ocasionais e adequados à infração, nada se perde. Se forem desmedidos ou repetidos são insensatos. Na verdade, sempre que os pais dominam a situação, em tempo real, os castigos deixam de ser precisos logo que os pais passam de verde para amarelo.
16. Se os pais exercem a autoridade a medo, assustam. Pais assustados, tornam as crianças assustadiças. Isto é, capazes de reagir de forma desafiante sempre que se sentem encurraladas entre os seus medos e os medos dos pais.
17. Se os pais exercem a autoridade de forma pesada e deprimida, assustam, também. Porque à tristeza contida dos pais chama-se hostilidade. E essa hostilidade, associada a um ralhete, onera uma repreensão com sobretaxas que se tornam enigmáticas (e injustas) para as crianças.
18. Se os pais, em vez de se zangarem, ameaçam que ficam tristes, estão a dizer às crianças que elas os magoam (e isso, regra geral, elas já sabem). E, claro, que são de porcelana, quando se trata de as proteger e reagir. Pais deprimidos são, por isso mesmo, mais abandónicos do que parecem. São amigos do queixume, mas pouco pais, portanto.
19. Se os pais não se zangam mas amuam, estão a fazer duma família uma escola de rancores. Rancor é ressentimento e ira, numa relação de dois em um. E isso torna os pais mais assustadores do que quando se esganiçam e exageram.
20. Por tudo isto, é claro que por trás duma criança difícil está um adulto em dificuldades. Mas por trás duma outra exemplar estão pais mais ou menos tirânicos. Da mesma forma, por trás duma criança certinha está alguém mais ou menos assustado que, por exigências exageradas, ainda não pôde experimentar que a função fundamental dum filho é pôr problemas aos pais.
21. A autoridade é um exercício de bondade. Aceita-se quando nos chega pela mão de quem nos ama ou das pessoas que admiramos. Mesmo que as crianças, num primeiro momento, a desafiem, que é uma forma de, por cada não (“não me doeu”, “não ouvi”, e assim sucessivamente) afirmarem (que ela só tem sentido) duas vezes. Seja como for, a autoridade pressupõe sabedoria, bondade e sentido de justiça. E nenhuma criança, nenhuma mesmo, a rejeita. Mesmo que ela chegue mediada por alguma dor. Ninguém aprende sem alguma dor. Como eu gosto dizer, a dor é o sal da sabedoria.

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/6998-21-receitas-para-por-regras-no-seu-filho

publicado por salinhadossonhos às 02:44
Terça-feira, 01 / 07 / 14

O melhor brinquedo

Escrito por Eduardo Sá Terça, 12 Novembro 2013              

 

 

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Ter um irmão não é o melhor do mundo. Não tem uma graça por aí além não só dividir 100 por cento de pai e de mãe como, com a chegada dum irmão, passar a dispor – na melhor das hipóteses de 30 por cento de mãe e de um pouco mais de pai. Não “esfrega o ego” passar de príncipezinho ou de princesa a segunda figura, sobretudo quando os amigos da família passam a ter uma atenção mais condescendente com uma criança enquanto mimam e guardam todos os “posso pegar nele?” para quem está a chegar. E é dum desalento sem limite que, volta não volta, um dos pais repita – a propósito de tudo e de nada – “tu és o mais velho” como se, com isso, evocasse um estatuto cheio de “algodão doce” com que mima um filho mais velho quando, na verdade, essa qualidade mais parece um imposto de valor (sempre) acrescentado que estraga a boa disposição a qualquer pessoa.

 

Ter um irmão não é – mesmo! – o melhor do mundo. Significa ir ver a mãe a um local parecido com um hospital, deixá-la lá (como se estivesse muito doente) enquanto as pessoas, sempre que a visitam, em vez de tristes, lhe dão abraços e presentes, e parecessem não dar importância ao pavor duma criança dela poder... morrer. Significa estar-se, temporariamente, proibido de lhe saltar para o colo, em voo picado, e aterrar nas suas meiguices, porque ela se mexe devagarinho e, embora os seus olhos não enganem, tudo pareça ser para ela mais doído e complicado. E significa avisos contra os berros e as birras (por causa do suspeito do costume...), avisos a propósito da liberdade condicional nas idas ao parque (porque sua excelência, o bebé, não pode apanhar sol), e avisos contra o estacionamento, em segunda fila, dos brinquedos pela sala, porque o bebé se pode magoar.

 

Ter um irmão não tem graça nenhuma. Sobretudo quando uma criança “acorda com as galinhas”, se levanta “de madrugada”, se tem de vestir a correr e engolir os cereais sem direito a canal Panda enquanto ele, o “filho querido”, fica a dormir no quentinho, com a mãe, passa a manhã com ela, e tem o olhar mais açucarado do universo à espera dele, mal abre um olho. E, se ele acorda a chorar e esganiçado, ninguém o manda ser pateta e mal disposto. É por causa dessas, e por outras, que (por mais que os pais achem o contrário) quando nasce um irmão uma criança passa a ocupar tão pouco espaço que se não fosse reclamar uma chucha, outra vez, molhar a cama (de novo) contra todo o seu brio, ou fazer um esforço para não comer (para ganhar, com isso, mais umas migalhas de mãe e de pai), então sim, a síndrome de privação de colo seria uma catástrofe do tamanho do mundo.

 

E não vale (não vale!) que os pais digam, e repitam, que decidiram mandar vir outro bebé porque “o meu filho queria muito”... Imaginando que até quisesse um bocadinho, uma criança não é obrigada a imaginar todos os custos com que um pedido desses vem embrulhado. E, depois, supondo que o tenha pedido, um irmão é um irmão: não é um bebé (que não joga à bola, não brinca às escondidas e não compõe uma belíssima quadrilha para assaltar o armário das bolachas). E, por mais que, num dia mau, tenha insistido muito em ter um irmão, uma criança não é obrigada a saber que um bebé vem equipado com tantas restrições que, em vez dele ser um presente, o transformam num encargo para toda a vida. E, finalmente, quem manda os pais dizer que sim a todos os caprichos que passam pela cabeça dum filho mimado?...

 

Por outro lado, “eles gostam muito um do outro” – tão do agrado dos pais – é slogan. Nada de confusões! Aliás, como é que se pode estar como Deus e os anjos com quem nos mostra que crescer é uma espécie de promoção pelas escadas abaixo? Como é possível não ter um ódiozinho de estimação por quem, só porque reclama o nosso brinquedo favorito com o volume no máximo, merece do pai e da mãe um meloso “deixa lá!...”? E como não há-de uma criança sair do sério quando, enquanto ela tem de comer a sopa sozinha, e tem de se cansar, pegando no garfo, o “doutor bebé” tem direito a tudo e a mais alguma coisa, como se o estatuto do crescimento empanturrasse de coimas uma criança enquanto diante dum irmão, cheio de mordomias, os pais quase parece que se vendem por um minúsculo sorriso?

 

Não, eles não gostam muito um do outro! Se uma das mamas da mãe desse leitinho ao bebé e a outra coca-cola (como o Pedro chegou a perguntar) ainda vá! Mas, não sendo assim, como é que uma criança não haverá de ter um gosto particular ao insultar um irmão chamando-lhe... bebé? E porque é que há-de ser proibido que a mão se torne leve e lhe fuja e, contra a sua vontade (já se vê...), e uma criança acabe a premiar um bebé com um afetuoso... palmadão? E como é que uma criança não há-de ter uma tentação de apertar sei lá o quê à concorrência quando ouve a mãe a dizer-lhe: “Quem é o meu bebé, quem é?” (enquanto besunta o irmão com uma infinidade de beijos e de abraços)?

 

É verdade que os pais são brinquedos de imenso agrado para as crianças: são ergonómicos, preenchem as exigências de segurança da comunidade europeia para os brinquedos, não se partem em pequenas peças e, apesar das idas insistentes ao ginásio, têm os cantos arredondados (o que as protege muito de quaisquer acidentes). Mas, sim, apesar desse imenso privilégio, um irmão pode ser o melhor brinquedo do mundo: mexe-se e fala, desafia e aconchega, é rival e cúmplice, e... é parvo todos os dias (sobretudo, quando não se chega à frente para repreender os pais sempre que ralham, duma maneira mais ou menos desenfreada, com quem é mais velho). É claro que os irmãos são brinquedos muito complexos que chegam à vida duma criança vindo equipados sem folheto de instruções. E não são programáveis (o que, consoante os dias, pode ser uma desvantagem). Mas se valem o que valem, ao longo dos anos, apesar das atitudes desengonçadas dos pais, é porque as suas qualidades resistem a quase tudo.

 

Mas haja cuidado: os conflitos entre os irmãos têm, sobretudo, a ver com a injustiça dos pais. E, isso sim, é o maior dos desperdícios e maior dos riscos dum irmão. Que não pode ter nessa continuada falta de jeito que eles possam ter uma ameaça a um bem tão precioso e tão mágico como esse. Porque um irmão, um irmão de verdade, não é só um brinquedo que fala: tem um coração tão fofo e um génio tão apurado que, por mais que os pais valham o que valem (e sejam coração e sejam luz) o mundo sem um irmão nunca seria essa espécie de céu (com o frenesi duma fantástica feira) que pode ser.

 

 

http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/6677-o-melhor-brinquedo?start=1

publicado por salinhadossonhos às 03:39
Terça-feira, 27 / 05 / 14

As meninas são mais apegadas ao pai do que à mãe?

As mães de meninas, mais cedo ou mais tarde, podem desenvolver alguns ciúmes da cumplicidade tão forte que pode existir entre pai e filha.

Mas o que estará por trás disso? “A princípio, todo bebé, independentemente do sexo, se identifica com a figura materna, que é seu primeiro objeto de amor”, afirma a psicóloga Ana Cássia Maturano. Porém, à medida que cresce, outras relações se tornam importantes na vida dela. Enquanto os meninos se identificam com o pai, as meninas espelham-se na mãe – o que faz parte da construção da identidade masculina e feminina, respectivamente.

No entanto, entre o terceiro e o quinto ano de vida com o desenvolvimento da sexualidade, surge também uma atração pelo progenitor do sexo oposto e, ao mesmo tempo, uma disputa com o do mesmo sexo.

Essa teoria, que foi descrita por Freud no século passado, é conhecida por Complexo de Édipo – uma alusão à história da mitologia grega em que o filho se apaixona pela mãe.

“Essa preferência, obviamente, não tem conotação sexual”, diz a psicóloga. Trata-se apenas da necessidade de atenção da criança de todos que a cercam.
Os pais devem intervir explicando à criança que o casal tem outro tipo de relacionamento – e isso não significa que ela seja menos amada.
Mas e no caso de famílias onde um dos pais não está presente?
É possível que a identificação ocorra com outras figuras paternas e maternas, até mesmo fora do ambiente familiar.

O problema é quando tanto o pai quanto a mãe reforçam o sentimento inconscientemente, em vez de combatê-lo de maneira positiva. Assim, a menina torna-se  na “filhinha do papá” e o menino, no “filhinho da mamã”.

Além de motivar rivalidade e/ou competição ou entre a filha e a mãe ou o filho e o pai para o resto da vida, tal comportamento pode interferir no amadurecimento da criança e, por consequência, nos futuros relacionamentos dela”, alerta Ana Cássia.

A menina, por exemplo, procuraria a figura do pai num companheiro. Mas é claro que, teorias à parte, a ligação mais forte com um dos pais pode perpetuar-se sem qualquer motivação psicológica, indicando apenas uma questão de afinidade.

Por Malu Echeverria, para Crescer. Adaptado por up To Lisbon Kids

 

 

http://uptolisbonkids.com/category/opiniao/

publicado por salinhadossonhos às 21:19

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