Com a chegada do mês de Dezembro, chegam outra vez as festas de Natal. É uma época especialmente mágica para os nossos filhos: as festas, as reuniões familiares, decorar a casa, a árvore e, sobretudo, a tão esperada chegada do Pai Natal com as suas renas carregadas de prendas para as crianças que se portaram bem.
Perante a ampla oferta de brinquedos que encontramos hoje em dia, é difícil saber quais são os mais úteis para o correcto desenvolvimento da criança ou quais são aqueles meramente lúdicos.
Os brinquedos por idades
Alguns psicólogos e educadores estão de acordo no que diz respeito às vantagens que um jogo pode ter nos primeiros anos de vida de uma criança: incute valores educativos nos mais pequenos, é o principal método de socialização fora do seio familiar. O jogo permite desenvolver determinadas destrezas e hábitos que as crianças vão precisar durante toda a vida, assim como, também fomenta a independência, a auto-estima e a criatividade, permitindo que as crianças libertem toda a sua energia.
Dos 0 aos 6 meses.Esta é uma etapa na qual o bebé necessita de descobrir, de estimular os seus movimentos e sentidos e de favorecer as primeiras manipulações e pressões de objectos. Desta forma, a criança começa a descobrir as sensações que os objectos produzem, como as diferentes texturas, abrir um batom, etc. Assim, são mais indicados para esta idade todos aqueles jogos que contribuem para tudo isto.
Dos 6 aos 12 meses.O bebé necessita de conhecer tudo o que o rodeia, já que os seus movimentos começam a ser mais amplos, controlando cada vez mais o seu corpo. Por isso, as brincadeiras mais adequadas para esta idade são aquelas que permitem ao seu filho explorar tudo ao seu redor.
Dos 12 meses aos 2 anos.Nesta idade as crianças encantam-se com as brincadeiras que as fazem sentir-se mais independentes e autónomas. Para além disso, gostam muito daqueles jogos que permitem movimentos e que tenham música à mistura.
Dos 2 aos 3 anos.Os jogos mais apropriados para esta idade são aqueles que contribuem para que o seu filho aprenda a linguagem, que imitem, de certa forma, a vida adulta e que permitam que as crianças desenham, pintem e criem formas.
Dos 3 aos 5 anos.As crianças têm necessidade de desenvolver a sua imaginação e aprender novos conhecimentos. Nesta idade gostam principalmente de relacionar-se e brincar com outros. Desta forma, os jogos mais adequados são aqueles que permitem que o seu filho desfrute da companhia de várias crianças, favorecendo os aspectos mencionados.
A partir dos 5 anos. As brincadeiras mais adequadas nesta fase são aquelas que dão a possibilidade às crianças de colaborarem com outros miúdos e realizarem tarefas em grupo. Isto, favorecendo o desenvolvimento das habilidades manuais e a destreza, por exemplo, os jogos de tabuleiro.
Que brinquedos não podem faltar em casa?
Para Pelancha Gómez-Olazábal, psicóloga com mais de 27 anos de experiência em temas infantis, existe uma série de brinquedos que não passam de moda e que, dessa forma, deveriam estar em todos os lugares com a criança. Estes brinquedos não só divertem a criança, como também as ajudam no desenvolvimento intelectual, emocional e físico.
Os bonecos em todas as suas modalidades são os companheiros das crianças, até quase à adolescência. Este grupo vai desde os ursinhos de peluche até aos bonecos articulados, desde a boneca de trapos à boneca mais sofisticada. Todos ocupam um lugar importante no coração dos nossos filhos. Os bonecos são os companheiros de cansaço, onde a criança inverte todos os seus sentimentos, onde projecta o seu próprio eu, chegando mesmo a colocar nestes as necessidades do seu mundo interno. A criança pode imitar os cuidados da mãe e pode verter os sentimentos de amor-ódio que sente por pessoas próximas do seu mundo afectivo e com os bonecos articulados de “acção” podem ter qualquer profissão ou serem protagonistas de aventuras maravilhosas.
A Bola é um brinquedo imprescindível tanto para os meninos como para as meninas em todas as fases da sua evolução. Para os bebés servem de instrumento para que estes captem melhor o conceito de movimento. O bebé segue com os olhos o movimento e depois mexe-se para apanhá-la. A bola ajuda na compreensão da existência dos objectos apesar de não estarem dentro do seu campo visual. Também é um bom exercício manual, ao poder apanhá-la e lançá-la. Ao ser lançada por outra pessoa até si, faz com que o bebé tome consciência do seu próprio físico. Já para os mais velhos é muito útil para que estes adquiram o conceito espacial, coordenação dos olhos com as mãos, de pernas e de braços, bem como para poderem interiorizar o sentido de ritmo ao jogarem à bola. É o elemento ideal para que a criança socialize, pois os jogos de bola convidam a partilhar com os outros. É um bom brinquedo para os mais tímidos, pois muitas vezes ajuda as crianças a brincarem com outros meninos, compartilhando a bola com os outros. Mais à frente, já em plena socialização, a bola é um aglutinamento do grupo para praticar desportos como o futebol, etc.
A cozinha e as chávenas têm espacial atracção devido à importância que a comida tem nos primeiros anos. Servem para a criança descarregar muitas angústias internas que o tema da comida produz. Este simboliza o afecto na relação mãe-filho e, de acordo com o tipo de relação que esta for, a comida servirá para gratificar ou recusar o carinho da sua mãe perante ele. Esta relação provoca sentimentos de amor-ódio que poderá descarregar no brinquedo.
Para além disso é um dos primeiros jogos de imitação e de identificação sexual com os seus pais e todas as crianças gostam de brincar aos papás. A mamã passa muitas horas na cozinha a mexer nos tachos, a comprar alimentos … é uma forma de dar afecto aos seus filhos e o recebe deles também. As crianças também gostam de brincar às cozinhas pois acabam por se identificar muito com o pai (visto que é cada vez mais frequente que este partilhe com a mulheres as tarefas culinárias).
As cordas, os paus, as ferramentas, as espadas e as pistolas todos têm algo em comum: através deles os meninos vão expressando o conceito “acção” de uma forma compreensível para eles. São o símbolo da potência. Por volta dos 3 anos os meninos descobrem que o seu corpo é diferente ao das meninas e aí é quando se começam a identificar com o que socialmente é considerado “masculino”: a força, o poder, a valentia, etc.
Estes brinquedos também os ajudam a descarregar o excesso de energia que têm nestas idades.
O triciclo e a bicicleta. A partir dos 2 anos a criança pode utilizar o triciclo que irá ajudá-la na coordenação dos movimentos, no equilíbrio, no exercício das pernas e num maior controlo óptico-manual. As crianças sentem uma grande independência ao poderem mexer-se de um lado para o outro e, para além disso, vão adquirindo a noção de espaço.
Entre os 3 anos e meio e os 4 começam com a bicicleta que é um brinquedo fundamental para a socialização da criança. Sair e andar de bicicleta com os seus colegas é uma diversão muito agradável, para além de ser o primeiro transporte utilizado pela criança.
As construções e outros materiais para o desenvolvimento da criatividade e motricidade fina. É fundamental para o desenvolvimento intelectual de toda a criança ter ao seu alcance material de construção nas usas variedades. Com ele a criança aprende e assimila os conceitos das dimensões: grande-pequeno, largo-estreito, superfície plana angular, etc. Sensorialmente as crianças assimilam todos estes conceitos experimentando e manipulando objectos de diferentes formas, cores e tamanhos.
Também aprendem as noções de equilíbrio, simetria, peso, volume … conceitos imprescindíveis para a aprendizagem das matemáticas. Para além de ser um jogo que desenvolve amplamente a criatividade na criança, já que através da fantasia pode realizar qualquer objecto que deseje. Estas produções satisfazem muito as crianças, pois são produtos feitos por si mesmas o que é fundamental para a auto-estima e valorização própria.
Quando iniciam a sua vida escolar no infantário, rapidamente os materiais utilizados começam a ter importância para o desenvolvimento da criatividade e das actividades de motricidade fina: pincéis, pinturas, ceras, plasticina, tesouras, lápis … A criança deve-se acostumar a realizar estas actividades, sempre que queira, de uma maneira ordenada, numa mesa de trabalho ou na cozinha para facilitar a limpeza e a recolha dos materiais.
Também a música não pode faltar. A criança gosta de estar acompanhada e de cantar canções enquanto brinca, para além de ajudá-la a ter maior capacidade de atenção e retentiva, assim como sentido de humor. Também é útil na hora de ir dormir, visto que a música relaxa e baixa o nível de angústia que o silencia da noite produz.
Todas as crianças de todas as idades gostam de brincar às casinhas. Dessa forma, há que dispor lençóis, trapos, mantas ou qualquer material para que os seus filhos construam uma casa. A casa representa o seio materno, onde a criança se encontra segura e relaxada. O bebé brinca com os lençóis com que se tapa. Já os mais crescidos brincam debaixo da mesa, das camas ou nos armários. Os mais velhos ainda constroem verdadeiras cabanas no jardim ou num armário. É o refúgio, onde se guardam os tesouros, onde se fala dos segredos ou onde se organizam aventuras. Todos gostamos de ter um pequeno terreno próprio que marque a nossa intimidade. A casa representa algo seguro, conhecido onde se partilha com um grupo restrito de pessoas o carinho e os objectos. Deve ter paciência perante a aparente desordem que isto representa e não destruir o “abrigo” do seu filho.
E por último, algo fundamental na vida das crianças: os livros e os contos que, desde que a criança é bebé, nunca devem faltar. Os livros através das suas imagens ensinam o mundo representando (desenvolvimento da linguagem e intelectual) e também fomentam e mantém o mundo da fantasia sem o qual a criança não pode crescer.